sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Que vida você gostaria de viver?

Para ser um empreendedor de sucesso, você não precisa saber apenas sobre gestão. É preciso muito mais que isso para ser bem sucedido. Experiências de vida e fracassos também são aprendizados importantes para preparar um empreendedor a lidar com o mercado.  

Durante o II Fórum Nacional do Comércio, que aconteceu em Brasília nos dias 27 e 28 de outubro, o professor de ética na USP, Clóvis de Barros Filho, ministrou uma palestra com o tema “A vida que vale a pena ser vivida”. Para isso, ele trouxe o pensamento de vários filósofos e discutiu aspectos que fazem a vida ser boa.

Aristóteles, por exemplo, dizia que a vida boa pressupõe a excelência. Para ele, excelência é atingir o ápice de suas possibilidades de acordo com sua natureza. Para uma semente, é se tornar uma árvore frondosa, com frutos. Esse raciocínio pode ser aplicado ao ser humano? Cada um tem sua natureza, seus recursos, suas possibilidades. A excelência, portanto, é atingir a perfeição de si mesmo e de suas potencialidades, tirando a pessoa da mediocridade. Se isso não for perseguido, a vida não terá valido a pena. A excelência, porém, só é possível usando os recursos que a natureza te deu. Então é essencial conhecer seus recursos, suas potencialidades.

O pensamento de Aristóteles foi superado pouco a pouco. 350 anos depois dele, veio outro pensador, Jesus. Ele falou o que a vida precisa ter para valer a pena. A resposta de Jesus é impressionante: para que a vida possa valer a pena, ela deve ser dedicada ao outro. O que importa agora é a felicidade, a alegria, o desabrochar, a excelência do outro. O amor vale mais do que a vida.

Já Espinoza, em 1650, diz que se a vida é energia, a vida boa é com o máximo de energia possível. Espinoza chamou essa energia de potência de agir. Durante a vida, as coisas vão aumentando ou diminuindo nossa potência de agir. O ganho de potência de agir Espinoza denomina alegria. É o estado mais potente de si mesmo. A perda de energia é a tristeza. E não há fórmulas. O que alegra uma pessoa não necessariamente alegra outra. Inclusive nós mesmos mudamos, e o que nos alegra agora pode não nos alegrar instantes depois. A vida é inédita. Cada segundo é um encontro entre um corpo e um mundo, diferente do segundo anterior. Por isso, a lição de Espinoza é uma lição de humildade, indicando a necessidade de sempre reavaliar sua competência, suas habilidades, seus conhecimentos. A vitória de ontem não te faz um vitorioso eterno. A humildade é uma condição para enfrentar o mundo em constante mudança.

Rousseau diz que a vida do homem não é como a natureza. Na natureza tudo é como deve ser, tudo tem sua função específica. O homem é diferente. A cada segundo, são infinitas possibilidades, escolhas, e essa liberdade faz de nós diferentes da natureza. A cada momento, pensamos diferente, os instintos não são suficientes e precisamos inventar, criar, inovar. A felicidade, para esse pensador, está nessa liberdade.

Para sintetizar todas as ideias, Aristóteles, fala de excelência. Jesus, de entrega. Espinoza, de potência de viver. Rousseau, de liberdade. Há várias respostas. A vida que vale a pena ser vivida é aquela que você gostaria de repetir, que teve momentos que você gostaria que não tivessem terminado.


O professor Clóvis deu uma entrevista para o Jô Soares, em que discute essas questões faladas na palestra. Para assistir a entrevista, clique aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário