Na Mesa de Valores deste mês, a Alshop reuniu os executivos do varejo para discutir sobre os possíveis cenários econômicos para o final deste ano e início do próximo. Carlos Male, economista do Banco Itaú, foi o palestrante convidado desta semana e se mostrou otimista diante do cenário econômico que o varejista vai encontrar, se comparado a crise que os Estados Unidos e outros países da Europa vão continuar enfrentando.
“Uma das perspectivas positivas para a economia brasileira é de que as classes sociais vão continuar migrando e promovendo uma economia mais forte. Os investimentos na Copa também vão ajudar a dinamizar e manter o ritmo de crescimento”, explica Male.
Além disso, ele acredita que no próximo ano não haverá problemas de endividamento exagerado por parte do consumidor , já que as condições de crédito também ficarão desaceleradas. Um indício de que isso pode vir a favorecer o varejo é o fato de que segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as vendas do setor cresceram este ano e se mantiveram assim até o segundo trimestre.
Em contrapartida, a produção industrial não cresceu no mesmo nível por causa da concorrência com os importados. Diferente do varejo, a indústria sofre inclusive com a falta de capital humano, especializado ou não. “A taxa de desemprego que hoje é de 5,9% tende a aumentar para 7,5%. Com isso aumentam os custos com a mão de obra, o limite na infraestrutura e gera uma sensação de que os custos com os insumos tendem a aumentar ainda mais”, esclarece o economista.
Diante dessas questões, ele lembra que o fato do Banco Central (BC) querer cortar a taxa de juros em até 10% para o próximo ano (hoje ela está em torno de 12%), por exemplo, certamente vai ajudar o Brasil a lidar melhor com a crise financeira que se alastra pela Europa e Estados Unidos. “Do jeito que vai é possível que em 2012 o sistema financeiro da Europa possa provocar uma ruptura entre os países. E diante disso, se o governo brasileiro continuar trabalhando com essa taxa de juros poderá se estabilizar”, acrescenta.
Ou seja, independente do que acontece com o mercado financeiro no exterior, Male deixa claro que o Brasil precisa continuar fazendo sua lição de casa no que diz respeito a: quantidade exacerbada de concessão de crédito, a falta de infraestrutura, ausência de mão de obra qualificada, avanços nas reformas e revisão das condições que possibilitem um futuro em que o País seja capaz de poupar ainda mais (já que segundo ele o PIB de 18% ainda é considerado baixo) e investir.
Escrito por Elaine Medeiros / No Varejo
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