sexta-feira, 17 de maio de 2013

Shopping e Varejo viraram coisa para gente grande

Fonte: GS&MD

No passado, as redes de varejo brasileiras apresentavam características muito semelhantes. Em geral, seguiam uma cartilha básica: redes familiares regionais, sociedade 100% nacional, erguidas pelo idealismo do seu fundador, que soube aproveitar uma combinação mercadológica favorável, de baixa concorrência, juros altos, informalidade, consumidores pouco exigentes, presença constante do dono nas decisões do dia a dia da empresa e de familiares nos cargos estratégicos.

Desde então, as redes familiares ainda continuam fortes, mas muita coisa mudou no interior delas. De maneira geral, de forma irreversível, mudanças profundas alteraram (e muito) as feições destas empresas, formando um novo panorama para o varejo brasileiro. São elas:
  • Com a saída dos donos, à frente dos negócios, muitas empresas foram assumidas por executivos mais preparados academicamente, herdeiros ou não
  • A gestão intuitiva deu espaço para as boas práticas de gestão
  • A presença de familiares em cargos de confiança diminuiu
  • Muitas foram vendidas ou incorporadas por redes maiores
  • Várias delas simplesmente fecharam
  • Muitas receberam a incorporação de sócios investidores
  • Muitas possuem parte ou predominante capital estrangeiro
  • Investiram em infraestrutura e estão preparadas para a concorrência dos dias atuais
  • Estão 100% formais
  • Expandiram para outras fronteiras, através de franquias ou redes próprias.
Dentro da seleção natural, as empresas que permaneceram no mercado até os dias de hoje estão mais fortes do que nunca, renovadas, atualizadas, pujantes, em franco crescimento.

Somando-se a isto, novos players nacionais e internacionais surgem, impulsionados pelo crescimento do mercado interno; nascem já preparados para um mercado cada vez mais competitivo. Parte destes players compõe-se de redes de varejo formadas pela indústria que está cada vez mais presente através de canal direto com a criação de suas redes exclusivas de lojas.

Com todas estas transformações ocorrendo no varejo, fica evidente que praticar varejo é cada vez mais coisa de gente grande. O surgimento dos grandes conglomerados varejistas consegue, através da escala, minimizar custos e maximizar resultados. É a única forma de superar as adversidades que um varejista enfrenta atualmente no Brasil: margens baixas, alta competição, custo da mercadoria cada vez maior, impostos leoninos, custos de ocupação e folha de pagamento em patamares altos.

Nunca houve tantos grupos de varejo no Brasil, formados por aquisições, criações de novas marcas, fusões. Citando alguns exemplos, redes de franquias como Trend Foods, Trigo, BFFC, Ornatus e redes próprias como InBrands, Valdac, Restoque, IMC e Alsea dominam cada vez mais os corredores dos shoppings brasileiros.

Aos pequenos, não restam muitas alternativas num ambiente assim. Se quiserem manter suas contas em dia, os seus elevados custos não permitem novos investimentos e as receitas mal pagam as despesas mensais. O capital de giro acaba não resistindo por muito tempo e o próprio pró-labore do empreendedor acaba sendo sacrificado ou reduzido, o que torna um inferno a vida de um franqueado ou de um pequeno lojista. A taxa de mortalidade nunca foi tão alta para os pequenos.

Nos shoppings centers tradicionais e consolidados, a competição para o melhor mix tem pressionado cada vez mais o patamar de preços de luvas e custos de ocupação para cima. A taxa de vacância nunca foi tão baixa.

Por outro lado, nos novos shoppings em grande profusão pelo país, o cenário é oposto, onde se vê uma dificuldade muito grande na comercialização de lojas. Parte disto é o fato de não existirem mais tantos empreendedores dispostos a investir e encarar os riscos de abertura de um novo negócio.

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