Por Bruno Mello, do Mundo do Marketing
A primeira frase do título deste editorial é a mesma do título que levou a palestra do economista Ricardo Amorim no Inspiração 2011, realizado na semana passada em São Paulo. Já o segundo período foi destacado de sua apresentação, a mais inspiradora e intrigante do evento, que reuniu mais de 400 pessoas. De acordo com o consultor, as empresas brasileiras precisam fazer apenas o básico para dar certo. O motivo? A maré que durante anos esteve contra, agora está a favor do país.
O mundo mudou muito mais do que conseguimos ver, aponta o economista. Nesta transformação, o maior nível de consumo passou dos países ricos para os emergentes. As fontes de riquezas também. Hoje, as commodities estão mais valorizadas que a tecnologia. Segundo Amorim, enquanto nos últimos 10 anos uma TV de tela fina caiu de preço, o barril do petróleo ganhou valor. E onde está hoje uma das maiores reservas globais de petróleo? “Vivemos num mundo de crise nos países ricos e oportunidade nos emergentes”, aponta o economista.
Jogadores de futebol, modelos, altos executivos e até mão de obra especializada que iam para os Estados Unidos, Europa e Japão em busca de melhores oportunidades hoje fazem o caminho de volta. O risco da alta da inflação pode ser menos problemático do que uma crise ainda mais profunda nos países ricos. Mesmo assim, a indústria continuará batendo recordes de produção e o varejo multiplicando suas vendas. Mesmo fazendo o básico, é preciso se transformar.
O desafio está em decifrar a cabeça das pessoas, cada vez mais inconstantes. Hora desejando uma coisa, hora outra, de forma complemente diferente. O caminho para fugir deste beco sem saída quem dá é Marc Gobé, que propõe marcas emocionais. O especialista sugere que as empresas criem marcas e produtos mais humanos e que dialoguem com as pessoas.
Roberto da Matta, outro participante do Inspiração 2011, dá importantes dicas para as empresas que ainda trabalham como se estivessem no século XIX ao falar sobre os rituais. Para o antropólogo, temos que dar mais atenção à surpresa, uma vez que os sentimento surgem de situações cotidianas. Isso quer dizer que uma marca que não promove nada de diferente, dificilmente surpreenderá o seu cliente.
Como pessoas, lembramos sempre das primeiras vezes e das últimas vezes. O primeiro beijo, a morte. O mesmo acontece com produtos. Se desejamos um, lembramos quando compráramos e quando ele deu defeito. O meio, entre a primeira e última vez, está vazio porque entra no lugar comum e as empresas não mantêm relacionamento com seus clientes. O caminho é transformar a rotina em prazer.
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