Por Felipe Datt - PEGN
Quem procura um lugar para instalar sua loja física deve ficar de olho em uma alternativa que está ganhando força em algumas capitais do país: lojas em estações de metrô. Entre as vantagens desse tipo de comércio, está a possibilidade de levar seus produtos para milhares de clientes potenciais e o custo de instalação, menor do que o cobrado em shoppings. “É um modelo que já funciona bem nos Estados Unidos, na Europa e até na Argentina”, diz Luiz Goes, da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza.
Antes de se aventurar em um negócio próximo aos trilhos, o empresário precisa entender o perfil desse tipo de consumidor. “Trata-se de um comprador que está indo para o trabalho ou voltando para casa”, diz Goes. “Ele consome produtos e serviços por conve¬niência. Não cabem compras planejadas, mas itens de consumo rápido, como alimentação e vestuário.”
Um dos principais atrativos do ponto de venda é o baixo custo de instalação. Ao contrário dos shopping centers – que costumam cobrar, além do aluguel mensal, condomínio, taxas de publicidade e marketing –, as administradoras metroviárias cobram apenas um valor mensal ou semanal do locatário. “O modelo é interessante para pequenos empreendedores”, diz Marcelo Ermine, professor de Comunicação no Ponto de Venda, da ESPM. “Mas, por se tratar de um negócio que envolve produtos de baixo valor agregado e de grande giro, a margem de lucro é menor e o retorno do investimento pode ser mais lento.”
O MAPA DA MINA: Atualmente, as melhores oportunidades estão nos metrôs de Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. A CBTU, que administra o metroviário do Rio, decidiu inovar: contratou um profissional para criar uma atmosfera de shopping center nas 35 estações da cidade. “Na reforma da estação Cinelândia, por exemplo, vamos reunificar os mezaninos para criar um corredor comercial”, diz Mônica Lamas, diretora comercial e de marketing da CBTU.
Nas estações fluminenses, os preços variam de acordo com a localização e o movimento das estações – em média, o aluguel custa R$ 400 por metro quadrado. Mônica explica que os contratos de permissão, de caráter anual, são renováveis, dependendo do desempenho do lojista. “É preciso ter em mente que buscamos um mix variável de produtos. Não adianta abrir uma loja de comida se já existirem muitos concorrentes nessa área”, diz.
INVESTIMENTO CERTEIRO: Foi pensando no fluxo de 640 mil pessoas que transitam todos os dias pelas estações do Rio que o empresário Flávio Lopes decidiu abrir sua loja no metrô: em 2010, instalou na estação Uruguaiana a Estilo Carioca, especializada em camisas estilizadas de clubes de futebol. “O custo de uma loja no metrô não é alto e a resposta é excelente. Em que outro negócio eu conseguiria mostrar meu produto para tantos consumidores sem investir em publicidade?”, diz. O sucesso foi tanto que Lopes abriu mais três unidades no metrô. A da estação Uruguaiana tem um faturamento anual de R$ 600 mil. “No metrô, o consumidor compra por impulso e necessidade. Se eu conseguir atingir 10% dos passageiros, já é um bom negócio”, diz.
O empresário Haroldo Santana também escolheu a estação Uruguaiana, no Rio, para montar o primeiro espaço físico da Santa Malagueta, especializada em acessórios femininos, em 2009. “Participando de feiras e bazares, percebi que nosso consumidor estava baseado no Centro. Por sugestão de uma cliente, resolvemos apostar no metrô”, conta. A empresa já prepara a abertura de outras três unidades — todas em estações. “Não pensamos em outro ponto de venda que não seja este”, diz.
NOVOS MODELOS: Até pouco tempo atrás, o processo de abertura de uma loja no metrô de São Paulo era parecido com o do Rio. O interessado passava por uma triagem e assinava um contrato: o aluguel do metro quadrado variava de R$ 183 a R$ 277. Em 2011, porém, o processo mudou. Quem quiser se instalar nas estações precisa aguardar a publicação de um edital para concorrer aos 200 espaços existentes em 62 estações. É preciso dizer quanto estaria disposto a pagar pelo aluguel do espaço — como em um leilão, vence a maior proposta. Os contratos são de cinco anos (para lojas) e três (para quiosques). Não há data definida para a publicação do próximo edital.
Em Recife, a CBTU aguarda o fim do processo que terceirizará o aluguel dos espaços. Só depois disso irá rever os contratos referentes às 90 lojas presentes nas estações. Lá, os espaços são classificados como internos (depois das catracas), com lojas de 2 x 1,5 m, e externos, basicamente quiosques de alimentação de 3 x 3 m. Enquanto as novas regras não são definidas, os empresários podem buscar contratos curtos, de uma a oito semanas, ao custo de R$ 166,98 por semana. “É um valor baixo, levando em consideração o fluxo de 300 mil pessoas ao dia”, diz Alaísa Grassano de Gouvêa Caldas, do departamento de Patrimônio da CBTU/Metrorec.
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