terça-feira, 26 de junho de 2012

Moda ‘GG’ já movimenta mais de R$ 4,5 bilhões e abre oportunidades para pequenos empresários

Empresários de pequeno e médio porte abrem os olhos para um segmento que cresce rapidamente e traz oportunidades

Foto: Clayton Souza/AE
Faturamento da designer Lylla Marry (centro)
saltou 40% com sua coleção GG
Moda GG ou mercado plus size. As confecções especializadas em roupas para gordinhos sempre existiram. A novidade é que, nos últimos anos, elas perderam a vergonha, trocaram de nome e assumiram uma perspectiva mais fashion. Por isso, essas empresas ganham espaço na preferência dos consumidores e já abocanham um mercado estimado em cerca de R$ 4,6 bilhões pela Associação Brasileira do Vestuário (Abravest). 

E oportunidades não faltam para os pequenos e médios empresários dispostos a investir nesta segmentação de mercado. É o caso da designer de fantasias Lylla Marry, que até pouco tempo simplesmente não tinha percebido esse filão. 
 
“Um dia duas irmãs entraram em meu ateliê. Uma magrinha e a outra gordinha. No fim, enquanto a magrinha tinha encontrado sua fantasia, a gordinha comentou decepcionada: ‘queria tanto ir na festa, mas não existe fantasia para mim’”, lembra a empreendedora.

As clientes foram embora, mas Lylla não esqueceu a cena. Sentou-se com papel e lápis na mão e não parou de trabalhar até desenhar uma coleção inteira para o público GG. 

O retorno da clientela surpreendeu a designer. “Vou te falar, o resultado é incrível. A coleção plus size entrou no catálogo da empresa no ano passado e, com ela, ampliamos o faturamento em quase 40%. Vem gente de todo o lado alugar fantasias conosco”, afirma.

O desempenho inesperado motivou Lylla Marry a ampliar a coleção especial, que vai do manequim 46 ao 58. As atuais 100 peça disponíveis (80 delas para mulheres e 20 para homens) receberão cerca de 20 novas opções em breve.

“Vamos crescer e nunca mais parar de trabalhar com esse nicho. Quero introduzir fantasias de princesas, além de coisas sensuais. A mulher plus size não quer se esconder, ao contrário, ela quer coisas pequenas como uma minissaia.” 

A história vivida por Lylla não surpreende o professor de marketing da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Cortez Campomar.
Para o especialista, há uma demanda por roupas com medidas especiais. “O brasileiro está engordando”, resume. Campomar destaca ainda a profissionalização do segmento, que por isso mesmo busca naturalmente novos nichos de mercado.

O especialista não se arrisca a fazer previsões mais detalhadas sobre o segmento, o que não quer dizer que ele não o recomende. “De acordo com informações oficiais, notamos que o mercado consumidor para esses produtos é grande.” 

Marcos Campomar refere-se à pesquisas como a do Ministério da Saúde, divulgada no último mês de abril. O relato informa que quase metade da população brasileira atualmente (48,5%) está acima do peso. Os número obtidos pelos pesquisadores em 2011 cresceram quase seis pontos porcentuais nos últimos cinco anos.

Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (29) pelo Instituto Dante Pazzanese reforça esse levantamento do Ministério da Saúde. Ao analisar a ficha de 2,54 milhões de adolescentes paulistas que se alistam no Exército, a instituição concluiu que em 30 anos (de 1978 a 2008) o número de jovens obesos triplicou, subindo de 0,9% para 2,8%.

Roberto Chadad, presidente da Abravest, revela dados que, por sua vez, também ajudam a entender a dimensão do segmento de moda GG. De acordo com ele, o mercado já movimenta R$ 4,6 bilhões – 5% do faturamento integral do setor, estimado hoje em dia em R$ 92,7 bilhões.

Profissional
“Esse mercado esteve durante décadas na informalidade. As costureiras faziam peças por encomenda para os gordinhos. O público GG sempre teve vergonha de entrar numa loja porque não tinha muita coisa para ele e também porque existia preconceito mesmo”, analisa Chadad. 

“Com a escassez das costureiras, algumas marcas começaram a assumir o controle e profissionalizar o setor. Eu mesmo estive outro dia em uma feira de negócios para fabricantes e lojistas de moda plus size e fiquei muito animado. As marcas, agora, estão fazendo moda de verdade”, conclui.

A feira visitada por Chadad é a Fashion Weekend Plus Size (FWPS), iniciativa da blogueira Renata Poskus. Ela mantêm há anos uma página na internet onde dedica-se a garimpar lojas e marcas especializadas no público GG. Há três anos, Renata decidiu organizar um evento para apresentar marcas ao público do seu blog.

“Busquei patrocínio dos lojistas para o primeiro evento. Deu certo. Pedi demissão do meu emprego e vivo disso”, conta a empreendedora. “Hoje reunimos 20 marcar de confecções, 40 modelos plus size, além de lojistas. O objetivo agora é que a feira passe a fazer parte do calendário de moda nacional”, revela Renata.

Segmentação
O empresário que investe em mercados específicos, ultimamente, não tem do que reclamar. Há diversas oportunidades, por exemplo, no segmento de casamentos. Por ano, são realizadas 19 mil cerimônias no País e, na esteira dessas uniões, o setor movimentou R$ 12 bilhões em 2011, segundo dados da Abrafesta.

O perfil das mamães que acabaram de ter filhos mudou e também é promissor. Segundo dados do IBGE, o número de filhos por mulher caiu de 2,38 para 1,86. E isso provocou a ampliação dos gastos com produtos específicos para bebês.

Fonte: Estadão PME

Um comentário:

  1. Felizmente o público GG agora tem recebido mais atenção por parte da indústria da moda. Inclusive, hoje podemos contar com manequim gg para loja possibilitando até uma melhor exposição e assimilação do vestuário plus size.

    ResponderExcluir